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Como os jogos podem ajudar no Alzheimer?

Diversão saudável! É exatamente isso o que representam alguns jogos para pacientes com Alzheimer, com vários benefícios para a mente dessas pessoas. Há até um jogo que tem sido um importante aliado de cientistas, que ajuda a entender melhor a doença, já que coleta dados do desempenho dos jogadores, o Sea Hero Quest.

Uma pessoa com Alzheimer, desde os estágios iniciais da doença, tem comprometimento cognitivo. Por isso, os jogos indicados para esses pacientes devem trabalhar as habilidades cognitivas, principalmente a memória, a atenção e a percepção.

“Jogar exige concentração, memória, estratégia, trabalho em equipe e foco para que se alcance objetivos. Com isso, estimulamos o cérebro de forma que criamos novas conexões entre os neurônios, ampliando o que chamamos de reserva cognitiva”, explicou, em entrevista para o site Vovó Nilva, Solange Jacob, diretora acadêmica do Método Supera, que atua com ginástica para o cérebro.

Para Solange, ter uma reserva cognitiva extra é interessante, já que com o envelhecimento há a tendência de os neurônios morrerem. Portanto, exercitar o cérebro é indicado para todas as idades. E começar antes do diagnóstico de alguma demência, como o Alzheimer, pode até retardar o aparecimento dos sintomas. 

Indicações para Alzheimer

Entre os jogos de tabuleiro, o xadrez se destaca. Além de exercitar o cérebro, ajuda na concentração, desenvolve a criatividade, a capacidade de traçar estratégias e em resolução de problemas, entre outros benefícios.

O jogo de damas é outra opção interessante para a mente. A vantagem deste jogo é que é indicado até para quem tem um comprometimento cognitivo maior, já que as regras são bem mais simples do que o xadrez. 

As funções cognitivas do cérebro também são trabalhadas com quebra-cabeças, facilmente encontrados em lojas de brinquedos e até armarinhos. 

Entretanto, mais potente ainda são quebra-cabeças feitos em casa, utilizando fotos de pessoas ou de lugares que tenham alguma ligação com a vivência do idoso com Alzheimer. Basta escolher as fotos, imprimir e recortá-las (melhor ainda se forem coladas sobre uma cartolina grossa ou papelão antes do recorte, o que facilita o processo de encaixe das peças). 

Montar quebra-cabeças estimula o planejamento, a concentração e a percepção visual; e, se forem feitos a partir de fotos, também reforça a memória biográfica por estimular as lembranças do próprio paciente.

Os diversos jogos de cartas representam ótimos estímulos também. Além de a pessoa precisar resgatar regras que aprendeu no passado e estão guardadas no cérebro, o que já é um bom exercício, os carteados fazem com que a pessoa se concentre, observe os outros jogadores, trace estratégias e analise as possibilidades visando ganhar a partida.

Dominó é mais uma opção, que foca na concentração e planejamento. 

Memória e estímulo à adivinhação são os dois processos cerebrais bem trabalhados com as palavras cruzadas. Apesar de não ser um jogo, e sim uma atividade, vale estar aqui para promover também diversão e passatempo para o paciente com Alzheimer.

Jogos eletrônicos

Obviamente com a evolução tecnológica e a atual era digital, a cada dia surgem novas opções de games em dispositivos, como celular, computador e tablet, incluindo até alternativas online.

Só para citar alguns desses games:

  1. Memory Life – App desenvolvido por professores e alunos da área de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (UFPA). São três minijogos com o objetivo de estimular a cognição de idosos, sobretudo os que sofrem de Alzheimer: “Encontre o Objeto”, “Escute os Sons'” e “Organize o Dinheiro”, cada um dividido em níveis básico, intermediário e avançado.
  2. Jogos de Alzheimer – Feitos por um professor turco, são jogos para encontrar os pares. São indicados para pessoas com Alzheimer e com memória de curto prazo fraca.
  3. MindGym – Disponibilizado pela empresa queniana Oceanscan, o game tem o objetivo de estimulação cognitiva. Em formato de teste de lógica, o jogo tem três níveis a serem selecionados de acordo com o estágio da doença de Alzheimer.
  4. Genius – O popular jogo de memória, em que tem que se repetir as sequências de cores, que são iluminadas, também já está disponível nas lojas de aplicativos de dispositivos móveis. Ele é ótimo para exercitar a memória.

Aliado da ciência

A comunidade científica está atenta e tem realizado várias pesquisas sobre como os games ajudam pacientes com Alzheimer. Um dos grandes projetos é o Sea Hero Quest, desenvolvido na Europa em 2016 pela University College London, University of East Anglia, Alzheimer’s Research Organization, Glitchers (de games) e Deutsche Telekom. 

O projeto conseguiu atrair a adesão de 4,3 milhões de jogadores, de todos os continentes, reunindo um volume enorme de dados sobre demência que, pelos métodos tradicionais de pesquisa, exigiria 176 séculos para serem coletados.

Sea Hero Quest é um divertido game de realidade virtual para celular que pode ser baixado gratuitamente. Nele, o jogador controla um pequeno barco e deve ir completando missões ao navegar seguindo instruções de um mapa. Ao fim de cada fase, um monstro marinho é encontrado.

Sob o ponto de vista da ciência, a forma como cada um joga no decorrer das rotas de navegação é fonte de informação. Ela é transformada em dados, que ajudam na investigação e no entendimento dos processos mentais, especialmente nos referentes à orientação espacial ou ao senso de direção do jogador, assim como sua capacidade de memorização. 

“Todos os dados são coletados anonimamente e nenhuma informação pode ser rastreada para indivíduos específicos”, avisa Hans-Christian Schwingen, diretor de marca da Deutsche Telekom.

A análise desses dados traz conhecimento sobre a demência, principalmente no tipo mais comum delas, a doença de Alzheimer. Vale ressaltar que um dos primeiros sintomas da demência é a perda das habilidades de orientação espacial. O objetivo dessa iniciativa, segundo Schwingen, é “ajudar a vencer a luta contra a demência”.

“Com base nos dados coletados, as primeiras descobertas provaram que as capacidades de navegação espacial começam a diminuir a partir dos 19 anos ou mais e que há diferenças fundamentais nas estratégias especiais de navegação entre homens e mulheres”, conforme descreve o estudo. 

Curiosamente, os homens tiveram um desempenho melhor do que as mulheres nesse quesito, mas a diferença entre eles e elas diminuiu em países com maior igualdade de gênero. O PIB também teve influência significativa, com os países nórdicos entre os de melhor desempenho, junto com os da América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.

Qualquer que seja o jogo, é importante que o paciente sinta prazer em praticá-lo. Por isso, deve-se evitar forçar a pessoa a participar da atividade, quando ela não se identifica com a proposta do jogo. Então, busque o que gera maior atratividade para o paciente. A regra principal é: Diversão!

Fontes:

https://www.telekom.com/en/corporate-responsibility/corporate-responsibility/sea-hero-quest-game-for-good-587134

https://www.telekom.com/en/company/management-unplugged/details/the-game-in-the-fight-against-dementia-363322

https://acvida.com.br/estimulacao-cognitiva/10-desenhos-para-idosos/

https://vovonilva.com.br/jogos-estimulam-memoria-em-idosos/

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