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O impacto da pandemia na saúde mental

Visualize um mar calmo, com vários barquinhos descansando ancorados no porto. Mesmo assim, um deles vira de repente. Obviamente, aquele barco tem um defeito. Assim é com o ser humano, uma pessoa entra num quadro depressivo, apesar de estar tudo bem na sua vida, sem nada muito intenso acontecendo a sua volta.

Voltando ao mar, mas agora chegou uma chuva forte, uma ventania, e todos os barcos balançam, só que alguns não aguentam e viram. São os pacientes, que se sentiam bem, mas diante de uma situação de forte estresse, fica claro que eles não estavam tão estáveis como pareciam.

Essa é uma analogia que o Dr. Daniel Martins de Barros, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, fez durante uma live¹ comandada pelo Dr. Antônio Drauzio Varella, médico oncologista, cientista e escritor brasileiro.

Agora, para o Dr. Barros, estamos sob uma tempestade de um porte nunca visto antes. A pandemia da Covid-19, para todos indistintamente, é como um tufão passando pelo mar. Não tem nenhum barco que não esteja balançando e, entre eles, vários viram.

O confinamento, as incertezas quanto à crise econômica e ao emprego, o medo do vírus, a preocupação com os idosos que precisam estar em isolamento social… É um conjunto de tensões que elevam o estresse. “Com a preponderância das emoções negativas sendo expressas, as pessoas acabam adoecendo mais”, atesta o Dr. Barros.

Depressão e ansiedade no topo da lista

As queixas referentes à saúde mental que chegam aos consultórios médicos são as mesmas do que no período anterior à chegada do novo coronavírus. Ou seja, os principais transtornos continuam sendo a depressão e a ansiedade. 

No entanto, há uma diferença agora, pois as pessoas se sentem mais angustiadas e tensas, segundo o médico especialista.

Mas será tudo transtorno mental? A dificuldade está em separar o joio do trigo. É que todas as pessoas sentem, em algum grau, sintomas como tristeza, desânimo, falta de energia, mas nem sempre se trata de depressão. 

Assim como nem sempre sintomas de preocupação, de tensão, de dificuldade para relaxar sejam, obrigatoriamente, transtorno de ansiedade.

O Dr. Barros explica que o natural é que as emoções venham e, depois, passem. Quando a pessoa não consegue superar uma emoção, é como se ela (a emoção em questão) estivesse mandando na pessoa. E isso é um sinal de alerta para pedir ajuda.

O alerta vale quando uma emoção começa a prejudicar o dia a dia. Por exemplo, quando alguém sente irritação excessiva, briga de um jeito fora do comum. Outro exemplo é quando a pessoa não produz o volume de trabalho como de costume e não consegue controlar ou superar o que está sentindo.

Além do turbilhão de sentimentos trazidos pela pandemia, ela também amplificou problemas como insônia e provocou o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, o que impactam na saúde mental.

Como evitar os transtornos

O Dr. Barros destacou, para o Portal Positivamente, o que cada pessoa pode fazer para manter a mente saudável:

1)    Praticar atividade física regularmente, mesmo dentro de casa. “Um dos comportamentos que mais prejudica a saúde mental é o sedentarismo.”

2)    Cuidar do sono. “Precisamos ter hábitos saudáveis de sono. Se negligenciado, é fator de risco para uma série de problemas de saúde.”

3)     Meditação. “Cada vez mais notam-se os benefícios desta prática.”

4)    Distanciamento informacional. “Principalmente em tempos de pandemia, as pessoas devem fazer uma gestão das informações que recebe, porque não tem cérebro que aguente uma enxurrada de dados. Estar exposto, o tempo todo, a mensagens de doença e de morte aumenta o risco de adoecer. Além disso, óbvio, fugir das fake news.”

5)    Relacionamentos significativos. “É um fator de proteção da saúde mental. E o distanciamento social mostrou a importância da conexão entre as pessoas.”

Além desses, o especialista costuma dizer que cada pessoa deveria ficar “martelando” na cabeça que a pandemia vai passar, que a situação vai ter uma solução.

Vale lembrar que as pessoas com alguma doença não devem negligenciar seus tratamentos, porque uma piora de seu quadro vai causar prejuízos à saúde mental.

Para concluir, principalmente para quem ainda está em isolamento social, ter um hobby, uma atividade que lhe dê prazer também é uma boa dica para sair deste período com uma boa saúde mental.

Nota¹ – (https://www.youtube.com/watch?v=NjrmLjgR3O0).

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