Setembro é o mês de prevenção ao suicídio. Com o intuito de trazer conscientização sobre o tema, em 2015, foi criada a campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV).
Você sabe por que setembro foi o mês escolhido? E por que amarelo? As respostas remetem a uma história real ocorrida em 1974. Na época, o norte-americano Michael Emme, então com 17 anos, vivia com os pais Dale e Darlene Emme no Colorado. Os amigos e os pais contam que o jovem era generoso, bem-humorado e brilhante.
Sem dar qualquer pista, no dia 8 de setembro de 1974 os pais chegaram em casa e encontraram Michael dentro do seu carro, uma de suas paixões.
Ele havia se suicidado, apenas sete minutos antes. Ao seu lado, um bilhete que dizia: “Não se culpem, mamãe e papai, eu amo vocês.” E estava assinado, “Com amor, Mike 11:45 pm”.
O Mustang amarelo
O carro em que foi encontrado era um Ford Mustang de 1968, que havia sido totalmente restaurado pelo próprio rapaz e, depois, pintado de amarelo brilhante.
A pergunta que fica é o que levou um jovem, considerado feliz, a tirar sua própria vida? Dizem que a namorada de Michael havia terminado com ele.
Entretanto, a tristeza que ele estaria sentindo deve ter sido acompanhada por algum transtorno, como a depressão. E sabemos que, com tratamento ou apoio adequado, seu desfecho poderia ter sido outro.
Apesar da triste história, no seu funeral foi plantada a semente para criar um movimento global de conscientização e prevenção ao suicídio. Ali foram distribuídos 500 cartões com fitinhas amarelas, a cor do Mustang, com a mensagem para não hesitar em pedir ajuda se estivesse pensando em suicídio.
Yellow Ribbon
Em pouco tempo, nasceu o programa Yellow Ribbon (Fita Amarela, em português), fundado pelos pais de Michael e que até hoje estão à frente dele. Para eles, a morte do filho não foi em vão, porque muitas vidas podem ser salvas, apesar de seus corações continuarem partidos. Na logomarca, aliás, o cruzamento da fita amarela forma um coração.
Até hoje, já foram distribuídos mais de 19 milhões de cartões do Yellow Ribbon, e 114 mil vidas foram salvas em 25 anos pelo programa de prevenção.
Em 2003, o dia 10 de setembro foi escolhido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A campanha Setembro Amarelo
Aqui no Brasil, todos os anos desde 2015, diversos eventos ocorrem pelo País, como caminhadas, passeios ciclísticos e palestras. E vários locais, públicos e privados, se “iluminam” de amarelo.
Entre eles, estão o Cristo Redentor (Rio de Janeiro), o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty (Distrito Federal), o Elevador Lacerda (Bahia), o Estádio Beira Rio (Rio Grande do Sul), além de outros.
Por trás, está a saúde mental
Todas as iniciativas são direcionadas para sensibilizar e conscientizar a população quanto ao suicídio. No geral, uma pessoa considera tirar sua própria vida quando está com um problema que lhe causa profunda dor e que não vê uma saída para a situação. No entanto, por trás da intenção, na grande maioria dos casos, está algum transtorno mental.
Depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool e de outras drogas são os principais problemas de saúde mental associados ao suicídio. Por isso, a importância de darmos a devida atenção a nossa saúde mental e de procurarmos ajuda quando nos sentimos mentalmente fragilizados.
Falar é a primeira estratégia de prevenção ao suicídio. “Perceber que a pressão interna está muito elevada, que o copo está para transbordar e, nesse momento ou antes disso, pedir e aceitar ajuda é muito eficiente”, avisa Carlos Correia, voluntário e porta-voz do CVV, no site da organização.
De acordo com ele, conversar com alguém, seja conhecido ou desconhecido, de forma acolhedora e sem críticas já ajudaria essa pessoa a superar aquele momento delicado.
Pelo fim do preconceito
Para isso, porém, é necessário acabar com o preconceito e os tabus que envolvem a palavra suicídio. Muitas vezes, a pessoa não pede socorro por conta deles e se fecha ainda mais.
Do outro lado, nem sempre é fácil perceber os sinais de que alguém próximo está pensando num ato suicida. Entretanto, se você sentir que alguém ao seu redor está passando por um momento difícil, procure dar atenção a essa pessoa. Ouça-a com sensibilidade ao seu sofrimento, sem julgar, sem apontar culpados.
Como quase sempre isso envolve a saúde mental, deve-se recorrer a um profissional da saúde, como um médico ou psicólogo, já que os transtornos têm tratamentos. Eles visam promover uma melhor qualidade de vida e afastar ideias destrutivas do pensamento.
Neste Setembro Amarelo, vamos falar sobre suicídio sem preconceitos? Vista-se de amarelo ou use uma fita amarela para simbolizar que você está de braços abertos para acolher quem precisa desabafar.
E, em tempos de distanciamento social, vale um adorno amarelo na janela ou porta da sua casa. E dê ouvidos a quem precisa, mesmo que seja nas plataformas ou aplicativos virtuais.
#Todosjuntospelavida
Fontes:
www.setembroamarelo.com
www.cvv.org.br/blog/setembro-amarelo-mes-de-prevencao-do-suicidio
www.uniad.org.br/artigos/2-levantamentos-e-pesquisas/por-que-diante-de-situacoes-parecidas-algumas-pessoas-se-precipitam-num-ato-suicida-e-outras-nao
www.yellowribbon.org/who-we-are/our-story.html