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Precisamos falar sobre suicídio…

Cercado por tabus, o suicídio costuma ser um tema evitado em conversas. Entretanto, os dados cada vez mais alarmantes faz com que seja urgente deixar de lado o preconceito para que possamos falar sobre ele de forma aberta.

Conversar é uma das principais estratégias para reduzir o número de atos suicidas. É, digamos, o primeiro passo para evitar que alguém tire a própria vida.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o estigma que envolve transtornos mentais e suicídio, muitas vezes, impede que aqueles que pensam em suicídio procurem ajuda e, consequentemente, não recebem o auxílio que necessitam.

A entidade ainda destaca que a falta de conscientização, sobre o suicídio ser um grave problema de saúde pública, faz com que sua prevenção não seja tratada de forma adequada.

E o problema é muito sério. A cada 40 segundos, morre uma pessoa por suicídio no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública.

“Toda morte é uma tragédia para a família, amigos e colegas. No entanto, suicídios são evitáveis”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao site das Nações Unidas em 2019.

Todo ano, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio em nível global – sem contar aí as tentativas suicidas –, sendo 79% em países de média e baixa renda, segundo dados da OMS de 2016.

Em nível mundial, essa taxa caiu 9,8% em 2016, comparada à de 2010. Porém, o suicídio no Brasil aumentou 7% nesse mesmo período. Para se ter uma ideia, foram 13.467 casos no País em 2016, sendo 10.203 cometidos por homens. Isso representa uma morte autoprovocada a cada 46 segundos.

A maioria das pessoas que cometem suicídio sofre de algum distúrbio mental, principalmente de depressão, de transtorno bipolar, de alcoolismo ou uso de drogas. Mas existem outras causas, desde o sofrimento provocado por bullying à esquizofrenia.

O que fazer para evitar

A OMS recomenda avidamente que cada país trace estratégias para reduzir os casos de suicídio, assim como melhorar a saúde mental de sua população. Independentemente de iniciativas públicas, cada um pode fazer a sua parte na sociedade.

Quando uma pessoa está considerando acabar com sua dor, com um ato suicida, deve procurar apoio e ajuda. A primeira regra é entender que o que está sentindo tem uma saída e, então, deixar a vergonha de lado e falar sobre o que lhe aflige.

Geralmente, parentes, amigos, professores estão ali para estender a mão e dar conforto. Outra alternativa é buscar um profissional especialista em saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra, por exemplo. Como na maioria das vezes, há a presença de algum transtorno mental, ao ser tratado, evita-se que o pior venha a acontecer.

No Brasil, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e atua na prevenção do suicídio. O atendimento sigiloso e gratuito é feito por voluntários, 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Além do disque 188, as pessoas podem entrar em contato com o CVV via chat e e-mail.

Há ainda os diversos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que fazem parte da rede de saúde mental dos municípios. Eles são voltados a atender pessoas com sofrimento ou transtorno mental, inclusive quando o problema decorre do uso de álcool ou drogas.

Estendendo a mão

Como muitos que estão com a saúde mental fragilizada acabam se fechando e não compartilhando seus sentimentos, cabe aos demais estarem atentos às pessoas ao seu redor. Uma iniciativa sua pode salvar a vida de alguém.

Ao perceber uma mudança de comportamento ou no emocional de alguém, chame para conversar. Ao oferecer apoio, livre-se de preconceitos para ouvir sem julgamentos. 

O que para você seria apenas uma bobagem, para o outro pode ser o causador de profunda dor.

Diante da percepção de gravidade, incentive a pessoa a buscar ajuda profissional. Ofereça-se para acompanhá-la.

Vulnerabilidade dos jovens

Outro dado alarmante da OMS é que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Fato é que existe uma depressão típica da adolescência, que não é considerada um transtorno mental, mas faz parte do processo fisiológico e emocional da idade.

Não é fácil identificar quando um jovem pensa em tirar sua própria vida, principalmente porque há um período que, naturalmente, ele busca se fechar para os adultos.

Entretanto, pais e educadores podem ficar atentos se o adolescente mudou seu comportamento, suas reações emocionais ou até se está se automutilando, como pequenos cortes nos braços e pernas, por exemplo. Isso pode ser visto como sinais de que ele está pedindo socorro.

Nessa faixa etária também é recomendado acompanhar se o adolescente está sofrendo de bullying na escola e/ou na internet.

Impacto da pandemia

Os dados da OMS, assim como a declaração de Adhanom, datam o período que antecede a pandemia da Covid-19. E o atual cenário, infelizmente, tem impacto profundo na saúde mental das pessoas.

Conforme está no site da Opas, ato suicida também pode ter a causa num momento de crise, num aumento de estresse, seja por dificuldades financeiras, doenças ou pelo fim de um relacionamento. Além disso, conflitos, desastres, violência, abusos, perdas e isolamento entram nessa lista.

O assunto é tão sério que a Fiocruz lançou uma cartilha (https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf) voltada à prevenção do suicídio, como consequência da pandemia.

Nesta cartilha, inclusive, há uma lista de fatores de alerta nas posturas de crianças, adolescentes, adultos e idosos, que podem indicar uma futura tentativa de suicídio.

Ainda não há dados sobre as taxas de suicídio no Brasil desde que o novo coronavírus chegou entre nós. Entretanto, o isolamento social, o distanciamento dos entes queridos, o medo de ser contaminado, a perda do emprego e o luto pela perda de pessoas próximas são fatores que podem aumentar os atos suicidas, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Por isso, vale as dicas de manter contato, mesmo que virtual, com as pessoas; seguir as recomendações de uso de máscara e para manter distância, conforme recomendado; lavar bem as mãos com frequência ou usar álcool gel; e buscar atividades, mesmo em sua casa se estiver em isolamento, que lhe deem prazer. 

E, caso sinta necessidade, não hesite em buscar ajuda de um profissional.

#TodosJuntosPelaVida

Fontes:
www.nacoesunidas.org/um-suicidio-ocorre-a-cada-40-segundos-no-mundo-diz-oms
www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5671:folha-informativa-suicidio&Itemid=839
www.g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/09/10/na-contramao-da-tendencia-mundial-taxa-de-suicidio-aumenta-7percent-no-brasil-em-seis-anos.ghtml
www.veja.abril.com.br/saude/suicidio-e-segunda-causa-de-morte-entre-jovens-de-15-a-24-anos-diz-oms/
www.g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/suicidio-de-adolescentes-saiba-como-pais-e-educadores-podem-trabalhar-a-prevencao.ghtml
www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf

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